O Testemunho de Watchman Nee

Watchman Nee (04/11/1903-01/06/1972)

Estes testemunhos foram proferidos pelo irmão Watchman Nee numa reunião de cooperadores realizadas em Kulongsu, uma ilha situada na costa sudeste da Província de Fukien, China, em outubro de 1936.

Pelo que sei, esta foi a única ocasião em sua vida em que falou a respeito de suas lides pessoais em detalhes. Muito raramente relatou ele em público a sua experiência espiritual particular, provavelmente “para que ninguém se preocupe comigo mais que em mim vê ou de mim ouve” ( 2 Co 12:6 ). O testemunho que Paulo deu no capítulo doze de 2 Coríntios não foi divulgado publicamente senão quatorze anos mais tarde. Eu, muitas vezes no passado, pensei em publicar estes três testemunhos mas, querendo compartilhar do seu ponto de vista, vim protelando até agora – um lapso de trinta e sete anos.

Creio ser esta a ocasião oportuna de fazê-lo, depois da sua morte ocorrida em 1º de Junho de 1972. Espero que o leitor não coloque ênfase em como ele era, mas sim, em como o Senhor operou nele.

Resumo

Nee Shu-Tsu. Este é o nome que recebeu ao nascer, cuja versão inglesa é ‘Henry Nee’. Nasceu em Fochow (China), em 04 de novembro de 1903. Teve o privilégio de ser a segunda geração de cristãos de sua família. Na noite em que sua mãe constatou que estava grávida, fez uma aliança com Deus, consagrando o fruto de seu ventre, caso fosse menino, para pertencer ao Senhor em todos os dias de sua vida. Assim, ele veio ao mundo debaixo dessa aliança. Tempos depois do nascimento seu pai lhe contou que sua mãe havia feito uma promessa e oferecido-lhe ao Senhor.

Quando iniciou seu ministério, aos 20 anos de idade, sua mãe, em função da lembrança concernente à aliança feita com Deus, pediu que em seu ministério ele fosse conhecido como um vigia, alguém que está bem acordado enquanto outros dormem, um atalaia. Assim, passou a ser um Vigia-Nee, ou Nee To-Sheng na sua língua natal, sendo Watchman Nee a versão inglesa do seu novo nome.

No dia 29 de Abril de 1920, enquanto lutava para decidir se cria ou não no Senhor, ele tentou orar, e viu a magnitude dos seus pecados, e a realidade da eficácia de Jesus como Salvador. Ele que antes zombava das pessoas que tinham aceitado Jesus teve uma experiência que veio a mudar toda a sua vida.

Ele era um bom aluno, sempre atingia as melhores notas, e os textos que escrevia era exposto em público para todos verem. Assim como a maioria dos jovens ele tinha planos de carreiras e sabia que poderia chegar aonde quisesse, porém após sua conversão seus planos mudaram, ele entendeu que o Senhor o havia chamado para servi-lo e para ser seu cooperador. Até então ele havia desprezado todos os pregadores e suas pregações porque naqueles dias, as maiorias dos pregadores eram empregados de missionários europeus e americanos, tendo que servir a eles ganhando apenas oito ou nove dólares por mês. Ele nunca imaginou que viria a se tornar um pregador, uma profissão que ele considerava insignificante e vil.

Mais tarde ele deixou o colégio e entrou em um Instituto Bíblico estabelecido em Xangai pela irmã DoraYu, uma famosa evangelista chinesa. Mas não demorou muito ele foi convidado a desligar-se com a explicação de que era inconveniente ele permanecer ali, por causa do seu apetite de bom garfo, das suas roupas inadequadas e do seu costume de acordar tarde de manhã. Seu sentimento de servir ao Senhor foi seriamente abalado.

Ele sabia que havia muita coisa do seu velho temperamento que tinha de mudar, ele conta que seu testemunho na escola não era muito poderoso, e que quando foi testemunhar ao seu amigo ele nem lhe deu atenção. Quando ele estava chegando ao colégio seus amigos diziam: “O senhor pregador está chegando, ouçamos a sua pregação”, mas na realidade nenhum deles tinham intenção real de ouvi-lo. Nee contou a uma irmã o seu fracasso, e esta o incentivou a continuar orando por eles, que não muitos meses depois os setentas por quem ele orava todos os dias se converteram.

Logo depois ele veio a conhecer a irmã M. E. Barber, uma missionária britânica que lhe ensinara muitas coisas a respeito do Espírito Santo e a ser submisso, o que o levou a criticá-la e muitas vezes ficar ressentido com ela. Pois todos os sábados ele e um colega mais velho iam estudar na casa de Barber, e Nee nunca concordava com a opinião do seu companheiro, e pedia a ela que corrigisse os erros dele, ela, porém o repreendeu dizendo que seu companheiro era cinco anos mais velho que ele, e segundo as escrituras ele deveria obedecê-lo. Nee conta que muitas vezes voltou para casa furioso, e no outro dia ia até Barber para expor seu ressentimentos chorando e esperando que ele lhe tomasse partido, porém ela permanecia firme lhe dizendo que ele precisava aprender a ser submisso, foi uma lição dura mais que lhe rendeu frutos mais tarde, pois quem planta submissão, colhe submissão, e assim visse e versa.

Em 1922, quando havia um bom número de convertidos em sua cidade, ele pensou em começar a escrever uma revista, porém ele não tinha um centavo no bolso. Ele começou a orar, uma semana, duas, um mês e ainda não tinha o dinheiro. Então ele disse que deveria agir pela fé, e começou a escrever, crendo que o dinheiro Deus haveria de dar. Após ter escrito a última palavra do seu artigo ajoelhou-se agradecendo a Deus pelo dinheiro que ainda nem havia recebido, quando se levantou ouviu alguém bater na porta, abriu e era uma irmã que foi lhe perguntar como ela deveria ofertar o seu dinheiro, pois enquanto orava de manhã o Senhor a havia falado para que ela desse para alguém, e ela disse está aqui trinta dólares para você usar na obra do Senhor. Este dinheiro foi usado para imprimir mil e quatrocentos exemplares da revista “O Presente Testemunho”.

Em 1923 eles começaram a fazer reuniões na casa de um irmão em Foochow, eles percorriam toda a redondeza para convidar as pessoas, vestidos de branco, com faixas escritas com frases dizendo: “você morrerá” e “Jesus salva”, cantavam hinos e marchavam em procissões pelas ruas. As pessoas eram atraídas de modo que havia reuniões todos os dias e todos os cômodos da casa ficavam lotados, cada pessoa tinha de levar seu assento, no final da tarde a cena que se via era de pessoas jovens, velhos e crianças carregando seu banquinho a caminho da reunião, muitas pessoas eram salvas, e durante todo o ano foi colocado claramente o fundamento sobre a salvação, nessa época na China muitos crentes não estavam claros a respeito da salvação, a partir das pregações eles vieram a compreender.

Nee passou a ser convidado para dar palestras em vários lugares na China, passou a escrever revistas e artigos, e conduzir correspondências, já estava se sentindo indisposto, e logo ficou doente este era o ano de 1926. Alguns médicos que a doença que ele havia contraído na cidade de Amoy, quando lá estivera provavelmente era fatal e que iria viver uns poucos meses mais. Foi então que começou a escrever o seu livro “O HOMEN ESPIRITUAL”.

Nessa época o irmão Nee havia se mudado para a cidade de Nanking, e lá ele ia a faculdade para dar palestras. De Nanking ele foi para Xangai, mais para o interior, onde escreveu os quatro primeiros volumes da obra.

Em março de 1927, havia uma ação militar por quase todo o país, o que tornara difícil a comunicação com alguns irmãos. Então Nee foi para a capital e junto com outros irmãos abriu a Biblioteca do Evangelho. Seu estado de saúde era sério, estava com tuberculose, e tinha de ficar na cama, o seu último exame foi feito por um médico alemão que lhe mostrou o raio-X de uma pessoa dizendo que o seu estado era pior que o daquele homem que havia falecido há dois dias, então o médico pediu-lhe para não mais o procurar, pois não queria lhe tirar o dinheiro.

Ele passou três anos de cama, a esperança dos irmãos já não existia mais, passaram a enviar uma carta as igrejas pedindo que já não orassem mais. Nesse período enquanto lia a Bíblia, recebeu palavras de consolo e de fé do Senhor que o animou, uma delas é de que o Justo viverá pela fé (Rm1.17) ele creu, colocou-se de pé e por vezes caiu, mais insistiu, colocou suas roupas, desceu as escadas apoiando-se nas paredes, em cada degrau ele orava, “andar por fé”, dirigiu-se então a casa de um irmão onde todos estavam orando por ele já há três dias, bateu a porta como fez Pedro e ao abrirem olharam para ele como se fosse um fantasma. Então ele testemunhou a sua cura, e todos glorificaram a Deus por isso.

Em 1950 Watchman Nee e Witness Lee foram para Hong Kong, aonde conduziam as reuniões juntos, com cerca de três mil pessoas. Ali a situação política estava extremamente tensa, os irmãos tentaram convencê-lo a voltar para a China Continental, porém ele não aceitou.

Em 1952 Nee foi preso e submetido a quatro anos de “reeducação”. Antes de ser preso, ele ajudou a organizar várias igrejas subterrâneas. Em 1956 ele e outros da membros da igreja foram condenados a quinze anos na Primeira Prisão Municipal de Xangai. Ele deveria ter sido posto em liberdade em 1967, durante a Revolução Cultural, mas teve a sentença ampliada, e o governo deu início a outro ataque furioso contra a igreja. Os cultos foram interrompidos e todos os edifícios religiosos deveriam ser “secularizados”.

Os comunistas prometeram libertar Nee se ele concordasse em não voltar a pregar. Nee não aceitou e foi transferido para outra prisão onde acabou sendo morto em 1972. Sua esposa morreu em 1971; ela costumava visitá-lo duas a três vezes por semana. O coração do irmão Nee tinha a metade do tamanho do coração de uma pessoa normal, e além disso sofria de uma doença cardíaca há muitos anos, todavia o Senhor preservou sua vida até o dia 1 de junho de1972.

Embora encarcerado as mensagens que o Senhor lhe havia dado, estavam sendo espalhadas por todo mundo edificando a muitos com relação às verdades bíblicas.

Um relato da sobrinha do irmão Nee, a qual acompanhava a irmã mais velha da Srª. Nee:

"Em junho de 1972, nós recebemos uma nota da fazenda de trabalhos forçados avisando que o meu tio-avô havia falecido. A mais velha das minhas tias-avós e eu corremos para a fazenda de trabalhos forçados. Porém, quando nós chegamos lá, soubemos que ele já havia sido cremado. Nós pudemos apenas ver as suas cinzas.

Antes de ser morto, ele deixou um pedaço de papel debaixo do seu travesseiro com várias linhas de palavras grandes escritas com uma mão trêmula. Ele queria testificar a verdade que ele havia experimentado por toda a sua vida, até mesmo na hora da sua morte. Esta verdade é — “Cristo é o Filho de Deus que morreu pela redenção dos pecadores e ressuscitou depois de três dias. Esta é a maior verdade do universo. Eu morro por causa da minha fé em Cristo - Watchman Nee".

FONTE: http://reisesacerdotes.wordpress.com

FONTE: http://reieterno.sites.uol.com.br